Terminei ontem de devorar o livro “Travesuras de la niña mala” do peruano Vargas Llosa. Confesso que esperava um pouquinho mais do autor neste meu début em sua obra. Ficou faltando alguma marca registrada, algum tique ou vício de linguagem, daqueles que nos permitem reconhecer o escritor de bate-pronto. Talvez esses traços estejam destacados em outros livros mais emblemáticos e antigos. Vou averiguar! Mas, não deixa de ser uma boa leitura para refestelar a alma.
Trata-se de uma história de amor. Uma longa história de amor, de toda uma vida. E que tem como pano de fundo os acontecimentos sociais e políticos do Peru e da Europa entre as décadas de 1950 e 1980.
Marcou-me, sobretudo, a idéia que o autor desenvolve sobre o pertencimento das pessoas a determinados ambientes, lugares, cidades. Acho mesmo que cada um de nós tem um habitat natural, naquela vizinhança ou cidade, na oficina ou no escritório em que nos sentimos acolhidos, confortáveis, integrados e até protegidos. Nossas coordenadas de referência. Claro, existem os nômades e forasteiros por natureza, que não suportam fincar pé em lugar algum. Mas, acredito que mesmo estes devam se sentir mais à vontade em certos sítios. E precisam respirar seus ares de quando em quando.
O repertório da auto-ajuda diz muito sobre estarmos “bem por dentro”. Mas, talvez, tão importante quanto o olhar para o interior seja a escolha do cenário que nos acolhe. Não me refiro aos outros personagens da trama, mas sim ao espaço físico e sensorial. Com sua história, sua temperatura, ritmo, sabores, encantos e desencantos estéticos.
Certamente somos adaptáveis. Mas, até que ponto, vale pensar.
quinta-feira, novembro 16, 2006
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7 comentários:
Arrasou, amiga!
Lembrei disso: "viver é afinar um instrumento, de dentro prá fora, de fora prá dentro..."
Obrigada pelo momento de meditação e pela recomendação do livro.
Linda frase, Udi!
Obrigada pelo post.
Amanda
...é de bom-tom citar o autor, né? É o Walter Franco numa música que se chama Serra do Luar.
Créditos postados!
Olá meninas ...
Aqui, dos meus quase 50 anos, ouso dizer que se conseguirmos fazer com que nosso habitat natural esteja inernalizado, terá sido uma grande conquista...
Como disse Confúcio :
"O Cavalheiro tem a mente tranquila, enquanto o homem vulgar está sempre tomado de ansiedade."
Flávio,
Dos meus 30, ainda me parece que o externo nos ajuda a construir o interno... Quem sabe seja uma evolução mesmo? Natural. Maturidade, acho que é o nome da coisa. E a ansiedade, ou expectativa, dá sabor à vida, não?!
Beijos carinhosos,
Amandita
Bem ... confesso que ando meio ansioso ...
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