Blogs são espaços nos quais manifestamos sentimentos e opiniões sobre assuntos ora prosaicos, ora polêmicos. Neste post, vou logo avisando: caminho em terreno minado.
Tenho lido com alguma freqüência notas no Meio e Mensagem Online sobre os trabalhos de algumas organizações cuja principal bandeira é a defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes no que diz respeito às relações de consumo. Em outras palavras, pregam ações contra tudo que possa levar os pequenos e os púberes ao consumo excessivo, ao dito consumismo. Notícia publicada esta semana no site diz que uma destas organizações, a Instituição ALANA, apresentou denúncia ao Ministério Público contra a Maurício de Souza Produções pedindo o fim da publicidade nas revistas em quadrinhos.
Em primeiríssimo lugar, respeito e creio serem necessárias e saudáveis iniciativas “fiscalizadoras” para evitar excessos, manter e incentivar o debate sobre estas e outras questões. Mas... Manifestações que pregam soluções sem consenso, sem meio termo, e em certa medida ignorando parte dos fatos, sempre me soam utópicas, descoladas da realidade. E, desde o me ponto de vista, tendem a ser ineficazes.
Sobre este assunto em particular e antes que as pedras sejam atiradas, parece sensato avaliar em que medida se participa e se depende desta sociedade que tem o consumo como uma de suas principais forças motrizes.
Fato é que grande parte da cultura que fruímos é patrocinada pela publicidade. No caso dos quadrinhos da Turma da Mônica - que tanto incentivamos nossos pequenos a lerem como um primeiro e prazeroso contato com o fascinante mundo da leitura... - certamente só preço de banca não “paga” o trabalho e os insumos empregados para colocá-los
Como publicitária, acredito que a publicidade tem sim poder de influenciar (não de determinar!) condutas de consumo. Nas aulas que leciono no curso de graduação em Publicidade e Propaganda da Unicep, procuro sempre trocar figurinhas com meus alunos, provocando-os a pensar sobre a importância de exercermos nossa profissão em suas várias frentes e facetas de forma ética e técnica, em resumo, de fazer a boa publicidade que informa, envolve e diverte, ignorando o rótulo de “malvados, cruéis e insensíveis” que muitas vezes recebemos.
Para concluir, a experiência tem mostrado que mais proveitoso e adequado sempre acaba sendo quando os anunciantes, os publicitários e as organizações que se prestam às críticas trabalham em conjunto, buscando um ponto de equilíbrio. No caso em questão e desde o meu ponto de vista, mais eficiente é educar para o consumo responsável, valorizar a boa publicidade, premiar veículos de comunicação que mantêm políticas comerciais atentas e restritivas a abusos de qualquer natureza. Em resumo, manter o diálogo. Pois, é conversando que a gente se entende!
7 comentários:
Observo, já há algum tempo, que os pais querem cada vez mais se desobrigar de seu papel de educar os filhos... Estão sempre delegando a terceiros a responsabilidade que deveria ser deles (terceirização de paternindade, hein? esse termo não havia me ocorrido antes): em especial a escola, que muitas vezes acaba também por se investir de um papel que não lhe cabe (e do qual ela não dá conta).
E agora mais essa, prá se evitar que ter que dizer não pro filho, simplesmete se tenta "inventar" uma outra realidade! Como se fosse possível!
beijo procê, Amandita e prá toda a família
;)
Udi,
É a lei do mínimo esforço. Quantos se rendem a ela, não?!
Obrigada por completar o discurso. Resumiu exatamente o que queria dizer: mais fácil inventar outra realidade...".
Beijo grande!
A essa soma-se outra, anunciada hoje:
O ministério público recomendou às empresas de fast-food que não mais façam promoções associando sanduíches a brinquedos.
Uma rematada besteira.
Coloco todas essas iniciativas das alanas da vida na conta de um paternalismo ditatorial, patrulhador e profundamente ofensivo.
Criei cinco, mantive-os longe do consumismo pelo consumismo. Todos capazes de entender meus argumentos na hora de comer - ou não - um sanduíche, comprar uma roupa ou um brinquedo.
Seus desvios alimentares não tem origem em promoções do McDonalds, nem seus eventuais surtos consumistas em propaganda em revistas infantis.
A Udi tem razão. É mais fácil distorcer a realidade que educar um filho.
Quanto a mim, ninguém sabe o que é melhor para os meus do que eu mesmo. Não preciso de ongs nem de rábulas públicos para para me dizer o que posso ou não fazer.
Assino em baixo, Ernesto!
Beijo!
É por isso que eu acho que educação é tudo. Má propaganda não funciona. Boa propaganda ajuda os consumidores.
Mas quando o povo não é educado, abre espaço para aqueles que se acham no direito de saber o que é bom para o povo.
Por mais que neguem os veículos (assim chamados 'mídia') são formadores de opinião, servís dos interesses excusos e pseudo-reconditos, geralmente de políticos e seus partidos.
A negligência, a preguiça e o comodismo de pais e educadores são tão condenáveis quanto.
Tenho arrepios só de pensar nessa geração (dos de menos de 30 anos).
Postagem seríssima, em todos os sentidos e conteúdo.
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