domingo, fevereiro 25, 2007

Oito e Oitocentos

Entre ervas e mates, vagens e verdes, em passeio domínico-matinal pelo Mercado Municipal de Piracicaba, flagrei-me pensando na convivência dos extremos e opostos em nossos pós-modernos tempos.
Enquanto alguns compram suas saladinhas prontas e embaladas a vácuo, dispostas em vitrines refrigeradas e pagas com cartões "chipados", outros tantos não abrem mão de meter a mão nos sacos de grãos (como uma certa Amélie de um filme francês), de esmiuçar os maços de folhas em busca daquele mais fresquinho, ou simplesmente, do mais simpático. E ao final, pagar tudo com notas e moedas que já conheceram muitas mãos.
Podemos escolher entre o cheiro do jornal ou o brilho da tela, para a atualização diária do banco de dados pessoal.
As ofertas nos chegam em panfletos que inundam nossos carros, ao mesmo tempo em que giram e pulam frenéticamente em banners e pop-ups.
Pergunto-me, então, qual será o limite dos opostos. Terá sido sempre assim? Ou o homem de tempos pra cá está pensando e criando mais velozmente do que é capaz de usar?
Divagações.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

A Honoré



Caiu a ficha
Amadureci
Como sei?
Apaixonei-me por outras mulheres

Não, não é isso que estás a pensar!
Diferente dantes amo seus enredos
Tenros e agridoces
Cheios de libido e generosidade

Busco-as nos espelhos e vitrines
Persigo seu reflexo
Me encaro

Transcendo o estar
Intento ser
Firmo a identidade
Ilustração: "O Nascimento de Vênus", Sandro Botticelli.