sábado, junho 30, 2007

De volta ao mundo virtual

Depois de quase ter sido engolida por um fim de semestre bastante agitado no "mundo real", retorno ao "mundo virtual" começando a visita aos blogs amigos em ordem alfabética pelo Arguta. Eis que, entre inúmeros posts não vistos, encontro os dois últimos papos do autor em seu bem-frequentadíssimo café, o anterior sobre a revolução das mídias e o último, de carona, uma breve reflexão sobre as dificuldades dos bichinhos humanos em aceitar o virtual como real. E o que ambos possam ter de vice-versa. Este último texto, inspirado no post de uma nova colega blogueira, cujos blog e textos visitei e de cara cataloguei na caixinha dos "blogs de gente bacana e que vale a pena visitar".
Sobre o papo da revolução das mídias, tenho uma opinião diferente daquela sustentada no vídeo “The Media Revolution”. Penso que as mídias, ao invés de em processo de unificação estão, na verdade, no caminho da multiplicação. Sendo esta, ainda, exponencial. A exemplo dos produtos, mais e mais segmentados e especializados, seguindo o que parece o “caminho natural na evolução dos mercados” desde os anos 80. Acredito que TV e rádio, por exemplo, não migrarão integralmente para a plataforma da internet, mas sim passarão a co-existir nos dois formatos, numa sofisticando do que já se mostra embrionário hoje. Pelo menos por um longo, longo tempo... O jornal provavelmente não será “virtualizado” por completo, mas seguirá tendo seu conteúdo multiplicado em diferentes suportes. Nota publicada no MM Online em fereveiro deste ano dá provas desta tendência: a Associação Mundial dos Jornais (WAN) afirma ter havido um crescimento de 9,95% na circulação de jornais em todo mundo nos últimos 5 anos e de 2,36% em 12 meses. A despeito da migração ou réplica de conteúdos para a web. Se por um lado, como bem disse a Érica no She-hulk, muitos se apavoram com a perspectiva de uma presença cada vez maior da internet em nosso dia-a-dia, por outro, vejo esta teorização toda, na linha de "as pessoas e as mídias eletrônicas acabarão todas virtualizadas e ligadas à e pela internet" como uma tendência à simplificação, à tal da necessidade de colocarmos tudo em caixinhas a que o Flávio se refere em seu último texto. E quanto menos caixinhas, mais fácil.
"D'après moi", o desafio não é só convivermos com as novidades e com sua forjada virtualidade (afinal, a TV e o telefone não me parecem menos "virtuais" que a net!), mas sim e muito mais com a quantidade delas. Aí, caros, vale uma virtude que passará a constar, creio eu, entre as qualidades invejadas entre homens (e mulheres) modernos e minimamente bem-resolvidos: a seletividade. E uma segunda: a capacidade de se desligar de quando-em-quando de qualquer que seja o mundo, real ou virtual, sem culpa.

domingo, junho 10, 2007

O esperto e o experiente

Recebi esta fábula de um amigo, a quem respeito tanto pela experiência quanto pela juventude de espírito e de alma. Compartilho com os amigos do Sarau.


Uma velha senhora foi para um safári na África e levou seu velho vira-lata com ela. Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido. Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão percebe que um jovem leopardo o viu e caminha em sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço.
O cachorro velho pensa:
-"Oh, oh"! Estou mesmo enrascado!
Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo, e começa a roê-lo, dando as costas ao predador. Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto :
-Cara, este leopardo estava delicioso ! Será que há outros por aí ? Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na direção das árvores.
-Caramba! pensa o leopardo, essa foi por pouco ! O velho vira-lata quase me pega!
Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteção para si, informaria ao predador que o vira-lata não havia comido leopardo algum... E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Mas o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa:
-Aí tem coisa!
O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo. O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz:
-"Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!"
Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa:
-E agora, o que é que eu posso fazer?
Mas, em vez de correr (sabe que suas pernas doídas não o levariam longe...), o cachorro senta, mais uma vez dando costas aos agressores, e fazendo de conta que ainda não os viu, e quando estavam perto o bastante para ouvi-lo, o velho cão diz:
-"Cadê o safado daquele macaco? Estou com fome! Eu o mandei buscar outro leopardo para mim! "
Moral da história: não mexa com cachorro velho... idade e habilidade se sobrepõem à juventude e à intriga.