domingo, fevereiro 25, 2007

Oito e Oitocentos

Entre ervas e mates, vagens e verdes, em passeio domínico-matinal pelo Mercado Municipal de Piracicaba, flagrei-me pensando na convivência dos extremos e opostos em nossos pós-modernos tempos.
Enquanto alguns compram suas saladinhas prontas e embaladas a vácuo, dispostas em vitrines refrigeradas e pagas com cartões "chipados", outros tantos não abrem mão de meter a mão nos sacos de grãos (como uma certa Amélie de um filme francês), de esmiuçar os maços de folhas em busca daquele mais fresquinho, ou simplesmente, do mais simpático. E ao final, pagar tudo com notas e moedas que já conheceram muitas mãos.
Podemos escolher entre o cheiro do jornal ou o brilho da tela, para a atualização diária do banco de dados pessoal.
As ofertas nos chegam em panfletos que inundam nossos carros, ao mesmo tempo em que giram e pulam frenéticamente em banners e pop-ups.
Pergunto-me, então, qual será o limite dos opostos. Terá sido sempre assim? Ou o homem de tempos pra cá está pensando e criando mais velozmente do que é capaz de usar?
Divagações.

11 comentários:

Ernesto Dias Jr. disse...

Acho que a gente tá é usando mais rápido do que consegue pensar, isso sim.
Mas não tem nada não. Um dia ainda mudo pra Passárgada. E vou passar minhas manhãs a escolher feijão. E gastar as tardes proseando com o rei, que lá é meu amigo.

Amanda Magalhães Rodrigues Arthur disse...

Acho que temos que pensar mais pra usar tudo isso também. Antes, acordava meia hora antes para preparar e sorver o café-da-manhã tranquilamente. Hoje, levanto-me uma hora mais cedo, para isto e para sorver os e-mails, notícias, textos e afins na Net tranquilamente. OK. Não tenho mais que preparar a salada. Mas, gosto tanto de preparar a salada! Como tão melhor quando preparo a salada!

Sobre Passárgada, acho que estou prefindo arrumar minha gaveta de calcinhas... Pra fazer referência a um dos posts do FF no Arguta.

Abraço!

Anônimo disse...

...de novo, minha mensagem perdeu-se pelo cyber espaço!
Tentarei reproduzir: eu confessava que, às vezes aqui em casa, entram sim algumas saladinhas a vácuo (não dá prá ser radical), mas a preferência e o hábito são para os orgânicos. Mas o que me preocupa mesmo é se, daqui a alguns anos, os meninos saberão como é um pé de alface ou de couve... assim como muitos outros produtos e principalmente idéias que já chegam prontos.

Amanda Magalhães Rodrigues Arthur disse...

É verdade! As idéias, Udi! Estão cada vez mais à venda em prateleiras... Mas, muita gente compra e não sabe usar.

Flavio Ferrari disse...

Acho que hoje estou meio radical nos comentários ...
Isso esta me parecendo uma discussão sobre o sexo dos anjos.
Já fui muito na feira. Adorava, curti muito ... Agora faço outras coisas que também curto muito, e compro salada em saquinho, pré-lavada, porque já não me interesso tanto pela feira e porque a salada em saquinhos existe, me dando a oportunidade de usar o tempo para outras coisas.
Sem traumas ...

Amanda Magalhães Rodrigues Arthur disse...

Acho que a questão, no fim das contas, é que estamos tendo que escolher mais. E só!
Exercício intensivo do livre arbítrio.

Anônimo disse...

Flávio, sugiro que vá à feira num sábado de manhã, fartar-se com as frutas que os feirantes nos oferecem para degustação, comer um pastel (seguido de sal-de-frutas) e, principalmente, sentir aquele cherinho que resulta da mistura de aromas de várias coisas saídas da terra.

Flavio Ferrari disse...

Era exatamente o que eu fazia, com pastel e tudo, embora tivesse particular afeição pela barraca de queijos e azeitonas ...

Anônimo disse...

Ir à feira, navegar, dormir, cozinhar ou poetar...
Qualquer uma, considerando a delícia de uma manhã a mais...
Lú.

Anônimo disse...

Já que os blogs as vezes fazem a função de chats, tb vou fazer valer a condiçao e abusar do espaço(com a anuência ,é claro, da dona):
Ernesto, passar a manhã catando feijão com João Cabral?
Tú não quer nada...né meu rei(rs).
Lú.

Amanda Magalhães Rodrigues Arthur disse...

A casa é sua, Lu. Entre e fique à vontade!